sexta-feira, 17 de agosto de 2012

OPINIÃO | O Crente Avestruz


Por Eder Lima Leal, vice-presidente do Arena*


Nesta semana recebi este texto e gostaria de dividir com todos.

"Éramos um grupo de cinco pessoas, indo a Calçoene, a cidade em que mais chove no Brasil. De Janeiro a junho, a media de chuva e de 25 dias por mês. Dos 182 dias do primeiro semestre chove em 150 deles. Na cidade ha um círculo de pedras, tido como antigo observatório indígena. O círculo tem 30 metros de diâmetro, com pedras de granito de ate 4 metros de comprimento. Um semelhante, na Guiana Francesa, teve a idade estimada em 2.000 anos. O círculo é chamado de "Stonehenge do Amapá", em referencia ao Stonehenge da Inglaterra.
Mas fomos em atividade missionária e não arqueológica. Saímos em três pes­soas de Macapá, passamos em Ferreira Gomes onde pegamos o casal missionário, e paramos em Tartarugalzinho. Abastecemos, tomamos um café sofrível (só mesmo a necessidade para tomá-lo), e espairecemos um pouco. O lugar e interessante. Alem do leite de búfala, há avestruzes. Êta bicho esquisito!
Comentei que Deus pôs coisas bonitas no mundo, mas também cada coisa feia! Hipopótamo, lacraia, escorpião e o avestruz. Mais de dois metros de altura, pescoço fino, enrugado, cabeça pequena com penas escassas, bico feio, e um pé pra lá de horrível. Quando se distribuiu feiura no mundo, o avestruz pulou na frente e gritou: "Eu, primeiro eu! Quero tudo!".
Quando saíamos, um dos membros de nossa equipe, a irmã Eliane, Secretaria Geral da Convenção Amapaense, me perguntou se eu conhecia o crente avestruz. E explicou: "É aquele que come de tudo, sem selecionar nada!". Sim, conheço muitos crentes avestruzes. Assistem tudo que é programa que se diz evangélico, leem tudo que Ihes cai às mãos, sem senso crítico, fazem uma salada de conceitos e depois vão regurgitar em sua igreja.
Um crente avestruz se encantou com a ideia de orar pelos anjos para fortalecê-los,  com base em um sermão que torceu Daniel 10.20. Quando sua igreja não quis tal excentricidade teológica, ele saiu e organizou um movimento de intercessão angelical. Alias, os avestruzes pulam muito de igreja em igreja. Se nenhuma Ihes satisfizer, eles fazem uma. O problema é que o regurgitamento do crente avestruz acaba saindo e cai nos demais que não querem a esquisitice de que ele se alimentou. E termina no gabinete pastoral, que recebe toda sorte de "avestruzice". Pastor ouv e cada uma!
As pessoas não querem a simplicidade do evangelho (1 Cor. 15.1-4). Paulo já receava que os cristãos se desviassem da simplicidade que há em Cristo (2 Cor. 11.3). Os avestruzes de hoje querem novidades e "coisas tremendas". São fascinados pelo bizarro. Seu evangelho é mais enfeitado que jegue de cigano. Cheio de penduricalhos brilhantes.
O alimento simples do evangelho tem substancia, alimenta bem e dá saúde. Para que inventar? A Palavra de Deus é suficiente. E dela que devemos extrair nosso alimento. "Come este livro!" (Ez 3.1; Ap 10.9) mostram que é do Livro que vem de Deus que devemos nos alimentar. Nada de gurus, caboclos evangélicos de reza forte, exotismos ou descobertas que nunca alguém viu em dois mil anos de cristianismo. O evangelho não é novidade. E a "velhidade" de Cristo crucificado, poder de Deus para salvação de todo aquele que crê.
Não vá atrás de invenções e novidades, nem coma e beba qualquer coisa espiritual. Não seja um crente aves­truz. Alimente-se sadiamente. Seja seletivo".

* Eder escreve para o blog na segunda semana de cada mês.

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